terça-feira, 30 de julho de 2013

Samu deve apurar denúncia de escola sobre negativa de atendimento a criança

Gerência do serviço vai avaliar negativa de envio de socorristas depois de chamado de urgência para atendimento de criança com crise convulsiva


'A gente fica indignado, porque temos direito ao atendimento. Pagamos por isso. O que causa ainda mais revolta é que era uma criança que poderia ter morrido', Rosilei Cougo Pedrosa, diretora do colégio cujo aluno sofreu convulsões (Cristina Horta/EM/D.A Press)
"A gente fica indignado, porque temos direito ao atendimento. Pagamos por isso. O que causa ainda mais revolta é que era uma criança que poderia ter morrido", Rosilei Cougo Pedrosa, diretora do colégio cujo aluno sofreu convulsões
Funcionários do Colégio Pentágono, no Bairro Jardim América, Região Oeste de Belo Horizonte, relatam ter vivido momentos de desespero diante do que consideram omissão de socorro por parte de atendentes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). O chamado de emergência – cujo procedimento será apurado pela gerência do Samu, como assegurou ontem a Secretaria Municipal de Saúde – foi feito para uma criança de 2 anos que teve uma convulsão no dia 26. A diretora do colégio, Rosilei Pedroso Cougo Pedrosa, garante que mesmo diante de várias ligações, a orientação dos servidores do Samu era para esperar que o menino saísse da crise e que, se em 20 minutos o quadro não se normalizasse, fosse feito novo contato. 

“A criança estava toda roxa e ficou o tempo todo inconsciente. Dissemos isso ao Samu, mas mesmo assim eles não vieram. Só orientaram para não deixarmos a língua cair e obstruir a garganta”, afirma Rosilei. A situação só foi contornada, de acordo com a diretora, a partir do contato feito com o Corpo de Bombeiros. “Por telefone, eles nos orientaram sobre como proceder. Em seguida, compareceram à escola e liberaram para que o pai levasse a criança para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, afirma a diretora.

O menino não tinha histórico do problema e estava tranquilo no dia do incidente. Entretanto, relata a diretora, começou a ter contrações involuntárias da musculatura e outros sintomas de convulsão. “Todos os funcionários da escola se mobilizaram para ajudar. Várias ligações foram feitas ao Samu. A resposta era sempre a mesma”, conta. Ela diz que no hora da emergência, os professores ajudaram a imobilizar a criança em cima da mesa da secretaria da escola. Depois, eles foram seguindo as orientações do Corpo de Bombeiros. “Eles pediram para fazermos massagem no coração e segurar as pernas e os braços, além de ter cuidado com a língua”, relata.

Rosilei conta que esta não foi a primeiro vez que a escola teve um pedido de socorro negado, lembrando que há alguns anos uma professora também teve uma crise de convulsão e o atendimento não foi prestado. “A gente fica indignado, porque temos direito ao atendimento. Pagamos por isso. O que causa ainda mais revolta é que, neste último episódio, o caso era com uma criança que poderia ter morrido”, protestou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que um médico regulador, ao atender a ocorrência e avaliar a solicitação, julgou não ser necessário o envio do atendimento de urgência e orientou o solicitante para que encaminhasse a criança à UPA mais próxima. Ainda segundo a secretaria, todas as ligações são gravadas e a gerência do Samu fará uma avaliação da conduta médica.