sexta-feira, 28 de junho de 2013

JORNALISTA EDUARDO COSTA PERGUNTA: A PM ESTÁ MAIS CAUTELOSA OU MAIS MEDROSA?

Que país é esse?
Metade de mim compreende a Polícia Militar; metade está irada com a corporação. No domingo, por várias vezes, falei com o comandante-geral por telefone, perguntando se não haveria ação imediata contra aqueles bandidos que saqueavam, destruíam e incendiavam lojas na avenida Antônio Carlos. Ele dizia que não poderia enfrentar os vândalos, sob pena de contribuir para uma tragédia ou, em suas palavras, estava “fazendo uma opção pela vida em detrimento do patrimônio”. Quem sou eu para questionar; afinal, embora um alto-falante insistisse para que os manifestantes se afastassem dos marginais, milhares de pessoas continuavam por perto, especialmente no viaduto que dá acesso ao estádio. Então, mesmo dolorido, dormi convencido de que a PM estava certa.
Quinta-feira (27), pela manhã, fui visitar a Antônio Carlos. Vi de perto cenas dignas de cidades devastadas por terremotos. Entrevistei Ana Paula, uma empresária que, de repente, deixou a condição de mais uma manifestante para, de joelhos, pedir que poupassem sua loja de um incêndio pavoroso (uma lavanderia com toneladas de roupas). Ela está doente da alma com a PM. Ouvi Hélio, o dono da empresa de escadas que perdeu carro, portas, computadores, dinheiro e a paz. Nunca mais será o mesmo. Ele é quem perguntou: “Que país é esse?”
Por e-mail, recebi um sem número de perguntas. Como a de Luiz Gustavo Lamac Assunção (brasileiro que levou um tiro de assaltante e perdeu a visão): “Não seria óbvio que houvesse grupos de policiais próximos ao comércio que já havia sido destruído na semana anterior?”. Faz o maior sentido a dúvida dele, até porque agora era ataque previsível.
Outra brasileira, Cíntia Souza, também ficou indignada. Enfim, quero dizer que me assusta o caminho que estamos seguindo. As polícias estão cercadas de líderes que querem cada vez menos trabalho e mais privilégios; são comandadas por políticos que só pensam em vencer a eleição no ano que vem; são acuadas por promotores, deputados dos direitos humanos e especialistas de gabinete sempre prontos para acusá-las de truculentas.
Estão, por isso mesmo, cada dia mais cautelosas (ou seria medrosas?) e a minoria de vagabundos está vencendo a batalha. Então, como quer saber o Hélio, como diz a letra da música de protesto repetindo o velho comandante da Arena (nos anos de chumbo): que país é esse?

Assembleia Popular define nova manifestação para o fim de semana em Bhte

Cerca de 1.300 pessoas participaram do encontro na noite desta quinta embaixo do viaduto Santa Tereza, onde foi debatido as manifestações até o momento e decidido o novo protesto

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PUBLICADO EM 27/06/13 - 23h25
Depois de várias horas reunidos embaixo do viaduto de Santa Tereza, no centro de BH, na noite desta quinta-feira (27), a Assembleia Popular de Belo Horizonte, organizada pelas redes sociais, definiu os rumos e temas do movimento na capital. De acordo com a organização,  o 6ª grande ato de manifesto do grupo está marcado para o próximo sábado (29), às 7h, com concentração na porta da Câmara dos Vereadores, na avenida dos Andradas, no bairro Santa Efigênia.
Na segunda-feira (1º), uma nova assembleia está marcada, para às 19h, sob o viaduto de Santa Tereza.

Durante o encontro foram distribuídos para os presentes folhetos com os temas pontuados na reunião da última semana, propostas por diversos grupos temáticos que compõem o movimento. A manifestação dessa quarta-feira (22) e todo confronto que aconteceu na avenida Antônio Carlos, depois do jogo entre Brasil e Uruguai até a evacuação da praça Sete, também são avaliados nesta assembleia.

Parte dos presentes considera a postura da imprensa, em separar manifestantes de vândalos, equivocada; apesar de repudiar a violência. "Cada um tem seus motivos e, por isso, se manifesta e protesta como quer, até com vandalismo", disseram.
Alguns também criticaram o Comitê dos Atingidos pela Copa (Copac), por se reunir com o governador Antonio Anastasia, na última terça (25), e não tratar de temas que abrangem a totalidade do movimento. A reunião acontece em frente a uma guarita da Polícia Militar e segue pacífica. Cerca de 1.300 pessoas passaram pelo local.
Durante o dia, a página oficial do evento no Facebook explicou sobre as intenções do encontro: "As questões serão apresentadas, discutidas e deliberada no ato. Mas é fundamental que ocupemos um espaço público para decidir sobre a vida pública. Não é uma convocação para manifesto, mas para um fórum de diálogo horizontal e formulação de pautas e propostas para próximas mobilizações".
Pouco antes do início desta convocação coletiva no viaduto Santa Tereza, aconteceu também um novo encontro dos Movimentos Sociais de Minas Gerais. Este outro espaço de troca de ideias foi organizado no pátio da praça em frente a Assembleia Legislativa, no bairro Santo Agostinho. Diversos movimentos sociais, coletivos, organizações, partidos e sindicais do estado se reuniram para formar um projeto de oposição ao atual governo de Minas Gerais

Depois do quebra-quebra na Avenida Antônio Carlos, em BH, uma família em pedaços

Mãe do jovem que morreu após cair de viaduto durante o protesto que arrasou avenida em BH identificou filho pela TV

Publicação: 28/06/2013 06:00 Atualização: 28/06/2013 06:40

Douglas tinha 21 anos e trabalhava em Contagem (Facebook/Reprodução)
Douglas tinha 21 anos e trabalhava em Contagem
Belo Horizonte ainda conta os prejuízos de uma das maiores ondas de vandalismo de sua história. As primeiras estimativas falam em milhões de reais. Mas uma família já sabe que jamais vai conseguir quantificar o que perdeu durante a manifestação de quarta-feira, que arrasou a Avenida Antônio Carlos. “A morte do meu filho não vai representar os cinco centavos de redução da passagem e os políticos vão continuar roubando. A única mudança que vai ter é na minha alma, que agora tem um vazio. Ele não mudou a história do país, mas a da nossa família.” A fala carregada de dor e revolta é de Neide Caetano de Oliveira, de 43 anos, mãe de Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21, morto durante a manifestação na Pampulha. Douglas não pertencia a grupos políticos nem carregava bandeiras. Foi ao protesto contrariando a mãe, que havia lhe pedido para ficar em casa. “Ele queria lutar por um Brasil melhor, por saúde e educação, que é o que todos querem, mas mudou a nossa família”, completa a irmã Letícia Aparecida, de 22.

Longe da baderna e das confusões, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto José Alencar, que faz a ligação das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, no acesso ao Mineirão. Segundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifestação, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcançar a outra pista, mas não viu o vão livre entre os dois lados. De acordo com a Polícia Civil, não haverá investigação sobre a morte, pois ainda não há indícios de crime. Outros cinco manifestantes foram pegos pela mesma armadilha nos protestos de sábado e quarta-feira. A proteção instalada pela Prefeitura de Belo Horizonte na terça-feira não evitou o risco, pois impedia o acesso apenas nas cabeceiras do elevado 

A mãe assistiu a tudo pela televisão e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa. “Vi o Douglas deitado no chão. Meu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias”, diz Neide, em prantos. “Não sei se conseguirei superar esta dor”, completa. Filho de pais separados, Douglas se mudou com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha, há cerca de dois anos, de Curvelo, na Região Central, para Contagem, na Região Metropolitana de BH. O pai mora em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estado. Teve que ser internado com hipertensão ao saber da morte do filho.
O jovem nasceu em Oliveira, também no Centro-Oeste de Minas, mas passou grande parte da vida em Curvelo, onde será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Santa Rita. O velório começou ontem, às 18h. “Viemos do interior para estudar, pois lá não há muitas oportunidades. Queríamos uma vida melhor”, diz a irmã. Segundo o primo Pedro Henrique Caetano, de 23, Douglas sonhava em cursar engenharia elétrica. De família simples, o jovem não voltou aos estudos e acabou se dedicando ao trabalho.

Havia seis meses que era funcionário da Usifast, empresa de logística em Contagem. Lá, trabalhava como auxiliar de logística e ajudava a colocar as mercadorias nos caminhões. Pegava serviço às 6h da manhã, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir à manifestação. Desde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a rua. Compareceu à manifestação de sábado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidente. Ontem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a tragédia.

“Ele morreu lutando, mas não sei se valeu a pena. Fatalidade ou não, morreu por aquilo que acreditava. Era uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito”, lamenta a irmã Letícia. Para o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferença. “Ele tinha uma luz própria e não esperava ninguém fazer nada por ele. Ia sempre atrás. No sábado, chegou a me falar que a manifestação tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferença”, conta.

Policiais de Alagoas aderem as manifestações de hoje em favor da aprovação da PEC 300.

AL – Sem orientação sobre uso de arma, policiais militares e civis vão a protesto

Policiais civis, militares e bombeiros se juntam aos manisfestantes em protesto pela PEC 300Policiais civis, militares e bombeiros se juntam aos manisfestantes em protesto pela PEC 300

Policiais civis, militares e bombeiros anunciaram por meio do sindicato e associação das categorias que irão se juntar aos manifestantes do protesto marcado para a tarde desta quinta-feira (27), às 15h, na Praça Centenário. O ato é organizado pela Frente pelo Passe Livre em Maceió.
As lideranças dos policiais civis e militares afirmam que querem reivindicar as pautas do movimento e fazer uma mobilização pela PEC 300, que prevê a implementação de um piso salarial nacional. Em relação ao uso de arma, comum pelas categorias, o sindicato reconhece que não fez qualquer tipo de orientação aos policiais que querem participar da manifestação desta tarde e que ir armado ou não ficará a critério de cada um.
Na noite desta quarta-feira (26), um incidente envolvendo um policial civil gerou tumulto durante protesto na Tomaz Espíndola. O acusado teria tentado furar bloqueio e acabou puxando uma arma e ameaçando os manifestantes. Na semana passada, um funcionário municipal baleou um estudante durante o ato.
Para uma das organizadoras do protesto, Laís Cavalcante, não há como impedir a adesão dos policiais, mas se eles forem como trabalhadores reivindicando melhorias salarais “serão muito bem vindos”.
O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) e Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (ASPRA-AL) convocaram a classe para pressionar a aprovação da emenda pelo Congresso. “Houve uma dormência na discussão pela aprovação da PEC 300, a maioria da base aliada da presidenta mantém a posição de que não deve ser aprovada, em segundo turno, por não saber de onde virá o Fundo de Investimento. Precisamos aproveitar o momento para retomar a mobilização”, afirmou o presidente da ASPRA-AL, Wagner Simas.
O presidente do Sindpol, Josimar Melo, ressaltou a importância dos protestos e da participação dos movimentos sociais. “A luta é da classe trabalhadora e dos estudantes. Os protestos são legítimos  e mostram que a população luta por um país mais justo”, defendeu.
Nessa quarta-feira (26), a ASPRA-AL se juntou aos aprovados no último concurso da Polícia Militar em protesto em frente ao Palácio dos Martírios. Eles pediam celeridade na convocação. Em reunião com o Governador, os manifestantes foram informados que os aprovados serão chamados para a próxima etapa no início de julho.