quarta-feira, 11 de abril de 2012

Segunda fuga de criminosos expõe fragilidade do sistema, foge cri, que assassinou o sd da rotam em 2009


Especialistas dizem que superlotação e corrupção abrem brecha para fugas
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/04/2012
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JOANA SUAREZ
FOTO: ANDRÉ FOSSATI
Buscas. Entrada da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem; criminoso algemado fugiu pelo matagal
Um detento da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital, conseguiu fugir ontem, algemado, enquanto era escoltado por dois policiais civis. Dois dias antes, outros 12 criminosos escaparam do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. A sequência de fugas revela, segundo especialistas, a fragilidade do sistema prisional do Estado. Nos dois casos há suspeita de facilitação.

Warley Moreira da Silva, 21, escapou depois de prestar depoimento em uma delegacia, no fim da manhã. Informações extraoficiais dão conta de que o criminoso conseguiu abrir a porta da viatura assim que o veículo passou pela primeira cancela na entrada da penitenciária. Ele correu para dentro de uma mata e até as 21h de ontem não havia sido recapturado.

O criminoso cumpria pena por roubo na Nelson Hungria desde setembro do ano passado. Warley Moreira é considerado um criminoso perigoso. Ele é investigado por uma série de homicídios, inclusive de um militar, durante um sequestro-relâmpago, em 2009.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não deu detalhes sobre a fuga nem como foi a operação para localizar o detento. A assessoria informou apenas que abriu um inquérito para apurar o caso. A possível participação de policiais ou agentes penitenciários não está descartada. Quatro viaturas, um helicóptero, policiais civis e militares participaram das buscas ontem.

No limite. Para o pesquisador e sociólogo Robson Sávio, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), as fugas são resultado de um sistema prisional esgotado. "Minas está de frente para o passado. Há dez anos, as fugas eram muito comuns, depois tivemos melhorias consideráveis e, hoje, chegamos à beira do caos novamente, com presídios superlotados e dificuldades de gestão".

Na avaliação da presidente do Grupo de Amigos e Familiares de Presos, Maria Tereza dos Santos, os detentos fogem porque estão desesperados "em um presídio superlotado, onde não enxergam opções de sobrevivência".

Hoje, os presídios de Minas estão com 15 mil pessoas encarceradas além da capacidade do sistema. Em fevereiro, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), a Justiça mandou barrar o encaminhamento de novos detentos para dois presídios da região metropolitana. Com capacidade para 1.170 detentos, a Dutra Ladeira abriga atualmente 1.765 criminosos, um excesso de 595 homens.

Para Robson Sávio, as fugas sempre estão relacionadas a corrupção de funcionários. O ex-presidiário Gregório de Andrade, 38, que cumpriu 11 anos em regime fechado, disse que todas as fugas que presenciou tiveram participação de agentes penitenciários. "As escoltas são sempre muito rigorosas, é difícil o preso conseguir fugir sem que alguém facilite", contou.
Denúncia
Foragidos. Quem tiver pistas dos foragidos pode denunciar, sem precisar se identificar, por meio do Disque-Denúncia 181. Sete criminosos da lista dos mais procurados foram recapturados através de ligações.

Polícia não procura por Roni Peixoto
Nove meses após a fuga do maior traficante de Minas, Roni Peixoto, uma fonte da Polícia Civil informou que as buscas estão paradas. No segundo dia regime semiaberto, em julho de 2011, Roni saiu da Penitenciária José Maria Alkimin e não voltou.

Em novembro, com a mudança de chefia do departamento antidrogas, a equipe que monitorava comparsas dele teria sido desfeita. A assessoria da polícia negou que as buscas cessaram e também a existência da equipe. (JS)
FORAGIDOS
Estado se cala sobre buscas
Além do fugitivo da Nelson Hungria, os agentes da Defesa Social mineira tentam ainda recapturar os dez presos do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. A fuga aconteceu no fim da noite de domingo, quando 12 criminosos usaram um buraco de 80 cm de diâmetro e 15 m de comprimento, cavado por 45 dias, para escapar.

Ontem a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não deu qualquer informação sobre a ação para tentar recapturar os foragidos. Também não informou quantos policiais foram designados para as buscas nem detalhes sobre a infraestrutura usada para tentar achá-los. O governo se negou também a informar quantos depoimentos foram colhidos ou se a acareação prometida entre agentes penitenciários e os presos recapturados foi mesmo feita. A assessoria informou apenas que o processo corre em sigilo e que será concluído em até 90 dias.

Temporários. O especialista em segurança pública Robson Sávio afirma que a contratação sem concurso público de agentes facilita a corrupção. "Há uma dificuldade de controlar esse tipo de atitude, já que os agentes não são efetivos".

Segundo a Seds, 12 mil dos 16 mil agentes no Estado são de contratos temporários. Uma esperança do governo para diminuir a superlotação e, assim, conter rebeliões e fugas é a privatização. Em agosto, a Seds vai entregar parte da primeira penitenciária do Brasil resultado de uma Parceria Público-Privada (PPP), em Ribeirão das Neves. A previsão é que, até 2013, as 3.040 vagas estejam em operação. (JS)
cb Flavio do samu: Ate quando ouviremos estas balelas, sabe que a fuga não foi por causa de super lotação, mas sim por super facilitação, nos temos que parar de aguentar estas conversas esfarrapadas, colocar sempre a culpa no sistema. 

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