quarta-feira, 11 de abril de 2012

Motorista tinha seis multas por excesso de velocidade


Jovem de 26 anos prestou novo depoimento ontem no Detran
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/04/2012
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RICARDO VASCONCELOS
FOTO: ANGELO PETTINATI
Abatido. De cabeça raspada e usando uniforme do sistema prisional, Rodrigo prestou depoimento
O motorista que provocou um acidente com dois mortos e três feridos na rua Jacuí, em Belo Horizonte, na última sexta-feira, cometeu seis infrações por excesso de velocidade nos últimos 18 meses. Segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran), o consultor de seguros Rodrigo de Oliveira Campos, 26, somou 24 pontos na carteira de habilitação (três além do limite). O órgão encaminhou ontem à Justiça um pedido de suspensão cautelar do documento.

O rapaz está preso, desde sábado, no Ceresp Gameleira. Algemado, com a cabeça raspada e vestindo uniforme do sistema prisional de Minas, ele prestou novo depoimento ontem no Detran. Valendo-se do direito de permanecer em silêncio e de só se pronunciar em juízo, ele mostrou indiferença sobre a batida que teria acontecido a 120 km/h. O carro do consultor de seguros, um Vectra, bateu em um Uno em um cruzamento, resultando na morte do taxista Alcino Pereira de Souza, 62. A mulher, Maria do Carmo Pereira, que estava internada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) em estado gravíssimo, teve morte cerebral anteontem. Ontem, ela faleceu. O filho do casal, Pedro Henrique, 12, quebrou as duas pernas. A família voltava de uma missa quando foi atingida.

Segundo a delegada Cláudia Nacif, Rodrigo Campos apenas confirmou as informações que havia prestado à PM no dia do acidente, de que havia bebido na data anterior e que não estava em excesso de velocidade. O jovem alegou que o caso "não passou de um acidente de trânsito". Duas pessoas que estavam no carro dele também se feriram. "Vamos reunir todas as provas possíveis para mostrar à Justiça que houve o dolo eventual, ou seja, quando a pessoa assume o risco", explicou Cláudia.

Assustado. No depoimento, que durou menos de uma hora, o consultor de seguros foi informado sobre a morte de Maria do Carmo, sepultada ontem. "Ele apenas se mostrou surpreso, dizendo que estava assustado com o que aconteceu", afirmou Cláudia. Ao sair do Detran, Campos não quis conversar com os jornalistas. Os advogados dele não foram localizados.

Até sexta-feira, quando termina o prazo para a conclusão do inquérito, a delegada Cláudia Nacif deve pedir o indiciamento do motorista pelos crimes de duplo homicídio doloso, pela morte do casal, e por lesão corporal. Somadas, as penas podem chegar a 40 anos de prisão.
Deputados votam provas da Lei Seca
Deputados federais devem votar hoje, no plenário da Câmara, a ampliação dos meios válidos como prova de embriaguez ao volante. Se aprovada, a lei vai permitir, além do bafômetro, a inclusão de outras provas, como testemunhos e filmagens.

O projeto foi elaborado pelo deputado Hugo Leal (PSC-RJ), com a participação do Ministério da Justiça. O texto ainda estende o uso das provas para outras substâncias, como drogas. Durante a tramitação do projeto, os deputados retiraram a parte que endurecia as penas para os crimes de trânsito. (Da Redação)
DEFESA
Pedido de redução de fiança ainda não foi feito
A defesa do consultor de seguros Rodrigo de Oliveira Campos, 26, ainda não entrou com pedido na Justiça para tentar a redução da fiança estipulada pela Justiça, no valor de R$ 49,7 mil (80 salários mínimos) para que ele ganhe a liberdade. Segundo a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, até a noite de ontem, não havia chegado nenhum pedido oficial por parte de representantes do motorista, na tentativa de diminuir o valor arbitrado.

Os próprios advogados chegaram a informar que fariam o pedido por entenderem que o valor da fiança estava fora da realidade da família de Campos.

Mesmo que consiga pagar a fiança e seja liberado, Campos irá responder na Justiça pelos atropelamentos e mortes de duas pessoas. De acordo com a Polícia Civil, o consultor foi autuado por homicídio por dolo eventual – quando a pessoa não tem a intenção de matar, mas assume o risco. Durante todo o dia, a reportagem tentou falar com os advogados que defendem Campos. No entanto, eles não foram encontrados. (Raphael Ramos)

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