quinta-feira, 5 de abril de 2012

Assalta motel e é estrangulado


Criminoso entra com travesti no local, mas é rendido por camareira e recepcionista, que o enforcam com fios
Publicado no Super Notícia em 05/04/2012
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RICARDO VASCONCELOS   
FOTO: FOTOS ALEX DE JESUS
Recepcionista do motel teve o dedo mordido pelo criminoso
Uma tentativa de roubo com uma réplica de pistola terminou de maneira inusitada, na madrugada de ontem, em um motel na Via Expressa, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Na companhia de um travesti, um homem invadiu o local e anunciou o crime. Um cliente e duas funcionárias reagiram e amarraram o suspeito, que morreu estrangulado.

De acordo com a Polícia Militar, o caso ocorreu por volta das 2h. Uma camareira de 41 anos e uma recepcionista de 31, que pediram para não ter os nomes revelados, estavam na recepção quando o suspeito chegou a pé na companhia de um travesti que trabalha na região pedindo para entrar.

Assalto
"Abrimos o portão pensando que fossem clientes. O rapaz mostrou uma arma e pediu o dinheiro, tomando R$ 67 do caixa. Em seguida, ele colocou a mão no bolso de um cliente, que reagiu", contou a recepcionista. Com a ação das vítimas, o suspeito, que não foi identificado, acabou agredido com socos e pontapés, inclusive pelo travesti, que ficou revoltado ao saber que foi usado pelo homem para entrar no motel. Para evitar que o homem fugisse, as funcionárias usaram um emaranhado de fios para amarrar as mãos e os pés do rapaz. "Ele ficou se debatendo no chão. Pensei que fosse se soltar, aí, ficamos segurando o homem até a polícia aparecer", contou a camareira.

Perícia
Quando os PMs chegaram, o suspeito já estava morto, o que foi constatado pelo Samu. Os primeiros levantamentos da perícia da Polícia Civil indicam que ele morreu por estrangulamento, já que, no pescoço, havia várias marcas.

Na manhã de ontem mesmo, as duas mulheres prestaram depoimento e, depois, foram liberadas.
Local já foi alvo de bandidos
Esta não foi a primeira vez que o motel foi alvo de bandidos. Durante o último Carnaval, o local foi roubado quatro vezes. Para conter as ações dos criminosos, que estavam pulando os muros dos fundos, foi instalada uma cerca elétrica. As câmeras de vigilância estão desativadas desde os últimos crimes, quando o equipamento foi roubado.

Em três crimes, a camareira e a recepcionista que amarram o suspeito na madrugada de ontem estavam presentes. "Para lá eu não volto. Preciso trabalhar, mas não posso mais passar por isso. Foi horrível", contou a recepcionista, bastante emocionada. Tanto ela quanto a camareira estavam em estado de choque na delegacia de homicídios de Contagem, na região metropolitana.

Alegando legítima defesa, a recepcionista, que teve um dedo mordido pelo suspeito durante a luta corporal com ele, garantiu que ela e a colega não tiveram a intenção de matar o homem. "Queríamos segurá-lo para que ele não nos atacasse. Como ia saber que ele estava com uma arma de brinquedo. E se fosse de verdade? Talvez eu não estaria aqui para contar essa história", disse. Mãe de cinco filhos, sendo um de apenas 7 meses, a mulher mais velha, de 41 anos, preferiu ficar em silêncio. (RV)
Agiram em legítima defesa
Após ouvir o depoimento das funcionárias, o delegado Luciano Vidal fez um auto de prisão em flagrante, que não foi ratificado, liberando as mulheres. A decisão foi tomada tendo como base o fato de que elas agiram em legítima defesa. Segundo Vidal, o cliente que ajudou a conter o suspeito acabou indo embora depois que o homem foi amarrado. E o travesti fez o mesmo. "Como ficaram somente as duas no motel, uma delas ficou em cima do suspeito enquanto a outra segurava pelo fio, para que ele não fugisse. Sem perceberem, elas provocaram o estrangulamento".

Dependendo do resultado do laudo do IML, as duas podem ser indiciadas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. (RV)

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