domingo, 26 de fevereiro de 2012

Políticos são inspiração para nomes de animais de estimação


Donos batizam seus cachorros com nomes ilustres do Brasil e de outros países e conseguem apontar até mesmo semelhanças de temperamento dos animais com o dos "homenageados"
Publicação: 26/02/2012 08:01 Atualização: 26/02/2012 08:23
O bichon frisé Bill é, segundo sua dona, tão bonito quanto o Clinton, ex-presidente dos EUA (Euler Júnior/EM/DA Press)
O bichon frisé Bill é, segundo sua dona, tão bonito quanto o Clinton, ex-presidente dos EUA
Lula foi abandonado em uma chácara, na Zona Rural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Dilma, esquecida grávida em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Aliás, é na capital, mais precisamente na regional de Venda Nova, próximo à Cidade Administrativa, que agora vive Aécio. Bem articulado, está sempre rodeado de parceiras do sexo feminino. Já Fidel Castro, pai de Fidel Júnior, mora com Evita Perón, mas não é dela o filho criado pelo casal. Reconheceu os personagens mas estranhou as histórias? É que, na verdade, os políticos conhecidos emprestaram seus nomes a cachorros de estimação.

Vários donos, que se dizem admiradores de personalidades da política, fizeram questão de batizar os animais com os nomes ilustres. E mais: se esforçam em ver semelhanças de “temperamento” com os originais. É o caso de Aécio Júnior, o poodle que vive com outros 13 cães em Venda Nova. A artesã Maria Regina Betti, 59 anos, diz que ele honra o nome. “É carismático e os outros bichinhos da casa o estão sempre rodeando, principalmente as fêmeas. Ele tem esse jeito político, que nem o Aécio original”, diz.

Não foi por acaso que Maria Regina deu o nome. Todos que a conhecem sabem que ela é fã do senador Aécio Neves (PSDB). “Adoro, acompanho a carreira e faço campanha para ele de tudo quanto é jeito. Se for candidato a qualquer coisa eu dou um jeito de fazer campanha. Todos que me conhecem brincam que sou a noiva do Aécio.” Aécio, o Júnior, tem 5 anos. Na casa, também já viveu Farelo Henrique (em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique) e Expedita Letícia (por causa de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula). A quem possa considerar uma ofensa dar nome de famosos aos cachorros, ela rebate de pronto: “A gente coloca o nome de pessoas que admiramos”.

Admiração é o que não falta para o comerciante Ismael Domingos, 57, de Campo Grande, dono do fila Lula, cão de guarda da empresa de reciclagem de sua propriedade. Há quatro meses ele cuida do cachorro, que chegou magro e fraco, depois de ter sido abandonado por seus antigos donos. De noite ele é bravo, mas durante o dia é manso. “O ex-presidente é um grande homem, gosto muito. Fiquei 28 anos sem votar, fiquei meio com raiva de política, mas quando o Lula entrou, acho que o país modificou muito”, disse. Paulista, Ismael vive há 20 anos entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. Ele se identifica com a humildade do petista. “Tenho o quarto ano primário. Antes a gente achava que era melhor trabalhar do que estudar, mas me arrependo por não ter tido cabeça para seguir em frente.”

Outro cão que homenageia Lula é o Inácio, que vive em Brasília com o servidor público Maurício de Santi, 37. “Ia chamar Lula mesmo, mas minha mãe não gostou porque ficaria uma relação muito direta”, explica. Hoje Inácio fica no quintal, mas foi encontrado filhotinho com uma cadela de rua, que vagava em um posto de saúde da zona rural. “Sou fã do Lula. Sempre votei nele, acho um cara fantástico.” Maurício diz que sempre perguntam se ele não gosta de Lula, por ter dado o nome ao cachorro. Ele responde: “Também gosto do cachorro, por isso botei o nome”.

Encontrada em Santa Luzia, a vira-lata Dilma é carinhosa, tranquila e quase não late. Foi abandonada por estar prenha e resgatada pelo protetor de animais Franklin Oliveira, 43. “O nome foi em homenagem à nossa presidente. Quando fomos buscá-la, vimos que a senhora que tinha feito o pedido (para resgatar o animal) era muito parecida com a Dilma e surgiu a ideia de dar o nome.”

Outro político mineiro, esse das antigas, é Astolfo Dutra, duas vezes presidente da Câmara dos Deputados, que deu nome a uma cidade. A designer Paôla Bedê descreve o cão de guarda como bipolar. Ela tirou a ideia das viagens em que passava pelo município homônimo. Paôla se interessou pelo nome da cidade e pesquisou o político. “Quando ganhei o Astolfo achei que era um dog alemão, por isso dei esse nome tão forte, mas hoje vejo que é um vira-lata”, afirma.

Líderes mundiais no quintal de casa

Não só políticos brasileiros fazem a cabeça dos criadores. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também faz sucesso por aqui. A estudante Júlia Lopes, 22, conta que seu pai deu o nome ao labrador chocolate de 2 anos. “Ele tem manchas brancas, a mãe deve ter pulado a cerca”, conta. Brincalhão e bagunceiro, Obama vive em um sítio em Juatuba, Grande BH, e tem por companhia o boxer Barão e o beagle Tomás. “Ele é sociável e simpático, igual ao Obama original”, brinca Júlia. 

O ex-presidente americano Bill Clinton emprestou o nome ao bichon frisé da dona de casa Margarida Silva, 83, fã do político que comandou os EUA entre 1993 e 2001 e acabou protagonizando um escândalo por um caso extraconjugal com uma estagiária da Casa Branca. “Sempre achei muito bonito e um político espetacular. Quando minhas filhas me deram o Bill, coloquei o nome”, conta. Ela lembra que disseram a ela que era um cão “de passarela”, mas, diferentemente do político, preferiu deixá-lo longe dos flashes alheios.

A auxiliar de enfermagem aposentada Sirinéia Pinheiro, 74, tem um verdadeiro clã político em casa. Há 10 anos é dona d o “poodle-lata”, como chama o cachorro Fidel Castro. Nos anos 1960, era fã do líder cubano e seu sonho era conhecê-lo. “Acho um político extremamente consciente, um dos melhores do mundo. Andava com uma foto dele na carteira, mas um namorado que tive me tomou. Era a época da revolução e ele pensou que eu pudesse ter problemas”, recorda.

Além do patriarca, Sirinéia cria Fidel Júnior , filho de Fidel com a cadela Margarida, e Evita Perón, outra poodle misturada. “É uma política argentina que eu admirava muito também”, disse. A dona dos cães lembra que o pai sempre foi muito ligado em política e, por isso, ela acompanhava as informações. Evita é carinhosa e dócil e o filho de Fidel é mais relaxado. Já o Fidel Castro pai, tal qual o original, é de personalidade revolucionária. “É chantagista. Se quiser entrar em casa tem que trazer uma bolinha e para sair é preciso dar algo em troca também. O Fidel também é mandão e se sente o dono do pedaço.” A fotógrafa do Estado de Minas Cristina Horta sentiu na pele os efeitos dessa “personalidade forte”. Ao registrar as imagens do “cubano” de BH, levou umas mordidas na perna, mas nada grave.

Os 'originais'

Luiz Inácio Lula da Silva
Único operário a ser eleito presidente do Brasil. Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, comandou o país de 2003 a 2010 em um dos governos mais populares da história.

Dilma Rousseff
Primeira mulher a ser eleita presidente da República no Brasil, a petista sucedeu Lula como sua escolhida. No governo dele, foi ministra da Casa Civil e de Minas e Energia.

Aécio Neves
Governador de Minas Gerais de 2003 a 2010, hoje senador pelo PSDB mineiro. Foi deputado federal por quatro mandatos e chegou a presidir a Câmara dos Deputados. À frente do cargo, ocupou interinamente a Presidência da República em 23 de junho de 2001.

Barack Obama
Primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Eleito aos 47 anos em 2008 com o bordão “Sim, nós podemos”, derrotou o rival republicano John McCain.

Fidel Castro
Líder revolucionário cubano, hoje com 85 anos, é a figura mais importante do regime da ilha. Chegou ao poder em 1959 e sobreviveu a nove presidentes dos Estados Unidos. Em 2006 sofreu uma cirurgia intestinal de emergência e desde então não se recuperou totalmente.

Astolfo Dutra
Líder político mineiro na República Velha. Foi presidente da Câmara dos Deputados em 1915, durante a promulgação do Código Civil e dá nome a uma cidade na Zona da Mata, viadutos e outros bens públicos em Minas Gerais.

Evita Perón
Atriz e líder política argentina, se casou com Juan Domingo Perón, então vice-presidente da Argentina e ministro do Trabalho. Com o marido preso por militares, passou a organizar comícios políticos que forçaram as autoridades a libertá-lo. Em 1946 ele se elegeu presidente e ela conquistou o apoio popular para o peronismo.

Bill Clinton
Presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001. Antes foi governador do Arkansas. Apoiou o acordo de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), sofrendo queda de popularidade por causa do fracasso da intervenção. Ficou conhecido ainda por um caso extraconjugal com uma estagiária da Casa Branca.

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